A judaização e protestantização da cultura brasileira

Inauguração do Templo de Salomão, em São Paulo. Da Esquerda para a direita, vemos: Geraldo Alckmin (Governador do Estado de São Paulo), Michel Temer (Vice-presidente), Dilma Rousseff (Presidenta), Edir Macedo (Fundador e proprietário da IURD). O terceiro, da direita para esquerda, é Fernando Haddah (Prefeito da cidade de São Paulo).



Por Pe. João Batista de A. Prado Ferraz Costa

Chamaram-me a atenção as palavras do ministro da Justiça em seu esforço inútil para explicar o assalto do lulopetismo à Petrobrás. Segundo o egrégio senhor, a má índole do povo brasileiro – que teria a corrupção correndo no seu sangue, a qual seria uma herança antiquíssima, passando de geração em geração, com origem remota lá na nossa querida pátria mãe, o velho Portugal – é que seria a responsável pelo descalabro na maior estatal do país.

É verdade que, infelizmente, no Brasil sempre foi comum a prática da propina, dos presentes, dos agrados para obter todo tipo de vantagem e favor do governo. São famosos os sermões do Pe. Antônio Vieira vituperando os corruptos e corruptores do Reino, que ele, com razão, chama república, para indicar que ao rei competia zelar pela coisa pública. Grandes publicistas e sociólogos brasileiros também denunciaram a confusão entre o público e o privado, o patrimonialismo, a malversação e outras chagas da vida político-administrativa do Brasil. Na época da República Velha, o poderoso PRP distribuía benesses entre os seus apaniguados e tudo se justificava com uma frase pronunciada com aquele sotaque caipira de erre carregado “Governo é governo”. Mas verdade seja dita: no PRP havia homens de bem, como um Campos Salles, o ermitão do Banharão, do qual sei uma história que vale a pena contar. Um primo dele em dificuldade financeira pediu-lhe um cartório, um pedido corriqueiro naqueles tempos, e o presidente respondeu-lhe: “Você esqueceu que somos primos?” E negou-lhe o pedido.
Apesar desses vícios e defeitos, o brasileiro, tendo-se embebido ao longo dos séculos dos princípios da moral católica, adquiriu uma viva e clara noção da proporção das coisas e da gravidade dos atos. A sapientíssima distinção entre pecado leve e pecado grave, ensinada pelo catecismo, auxiliou muito o brasileiro a ter bom senso, a ter critério para julgar as coisas conforme o espírito da lei de Deus e a evitar a hipocrisia e os escrúpulos de uma consciência mal formada. Por exemplo, Gilberto Freyre diz como o brasileiro dos tempos coloniais sabia distinguir bem a gravidade de um pecado contra a natureza de um pecado de fornicação ou da odiosa heresia.
Como se sabe, o protestantismo recusa a distinção entre pecado mortal e pecado venial. Diz que pecado é sempre pecado, porque aos olhos de Deus não haveria pecadinho e pecadão, como várias vezes ouvi de alunos evangélicos nas aulas de Ética Filosófica. Em tais ocasiões tive ocasião de replicar citando a resposta de Nosso Senhor a Pilatos: “Quem me entregou a ti (os judeus) tem maior pecado” (Jo. XIX, 11). Os evangélicos, em geral, interpretam mal as palavras de Cristo “Quem é fiel no pouco é fiel no muito.” (Lc. XVI, 10). Na parábola do administrador infiel o Senhor nos ensina o desapego dos bens terrenos dizendo que ninguém pode servir a dois senhores, a Deus e às riquezas; não pretende absolutamente ensinar que as faltas cometidas pelos homens tenham a mesma gravidade.
É curioso observar que esses rigoristas hipócritas que negam a diferença entre pecado venial e pecado mortal quando se lhes oferece um pequeno presente recusam-no como se fosse uma afronta à dignidade ou uma tentativa soez de suborno, mas quando se lhes propõe uma vantagem nababesca ficam de olhos arregalados…É o que conta o Pe. Vieira em um de seus sermões: uma velhinha ofereceu a um juíz um prato de iguarias e ele a despachou em tom de fingida austeridade; já um grande senhor lhe propôs um bom negócio e a coisa mudou de figura. Portanto, o sentido das palavras do Senhor (quem é fiel no pouco é fiel no muito) não é bem o que  pretendem os evangélicos fundamentalistas. O fiel no pouco, quer dizer, aquele que faz o uso dos bens terrenos  conforme a vontade de Deus, é fiel também no muito, quer dizer,  nas coisas sagradas, nas coisas de Deus.
Infelizmente,  no Brasil de hoje, em consequência da crise religiosa que vivemos e da diminuição da influência dos valores católicos tradicionais sobre as consciências individuais e sobre as instituições, chega-se a uma situação tão deplorável como a de ouvir um ministro da Justiça equiparando as duas coisas: a “tentação” de uma simples e vulgar propina a um guarda de trânsito ou a um fiscal da limpeza pública etc ( por censurável que seja tal prática) e  um assalto predatório às riquezas da nação, ainda mais grave porque faz parte de um projeto político de perpetuação no poder e de total açambarcamento da maquina do Estado.
De fato, o Brasil piorou muito no plano moral. Quem lê as crônicas de Machado de Assis comentando as mazelas nacionais daqueles tempos é tentado até a dizer porque não nasci então! Nada se compara à abominação dos nossos dias de lulopetismo. Quem ouviu as histórias do perrepismo conclui que aqueles homens eram heróis e varões impolutos cotejados com essa súcia que nos governa hoje. Quem lê um Euclides da Cunha, um Oliveira Vianna, um Ségio Buarque de Holanda e outros estudiosos do Brasil fica amargurado com o desvio de rota que sofreu nosso país.
Super flumina Babylonis, illic sedimus et flevimus: cum recordaremur Sion (Ps. 136) Junto dos rios da Babilônia…Sim, sinto-me um exilado na própria pátria. O Brasil, para mim, é hoje uma terra estranha. Não me sinto em casa. Fiquei chocado quando há muitos anos uma senhora suíça me disse: “M. l’Abbé,  on n’est plus chez nous en Suisse.” Jamais pensei que um dia teria essa sensação no Brasil.

Cerimonia de inauguração do Templo de Salomão,da IURD.
No Brasil de hoje não se julga mais o homem pelos ideais e valores que defende. Banqueiros e petistas da noite para o dia se unem num pragmatismo vergonhoso, onde não se sabe mais quem é quem. E começo a desconfiar que, além de ladrões, são homens rancorosos e vingativos dos seus inimigos. Qualquer um de nós está sujeito a ter sua vida infernizada pelos agentes e militantes de uma gangue instalada nas prefeituras municipais e secretárias de Estado. E pior: é raro encontrar homens que pensem sobre esses problemas e estejam dispostos a lutar até as últimas gotas de sangue contra esse poder das trevas que se apoderou da Terra de Santa Cruz.
Anápolis, 2 de dezembro de 2014
Festa de Santa Bibiana, Virgem e mártir romana.

1 comentários:

  Anônimo

15 de dezembro de 2014 às 07:03

É a moral do Último homem, o Homo Sajonus. http://alcantarillaaustral.tumblr.com/post/105183900599/algunos-analistas-nos-advierten-que-en-nuestro

Oliveiros