Oslo, 31 de Agosto.

Procurando alguns canais de filmes no youtube, acabei por encontrar um filme inicialmente estranho, em aparência soava  até ser chato. Detesto 98% da produção de cinema (sim, praticamente não vejo filmes) mas o cartaz de estreia me chamou muito atenção.
 Resolvi pesquisar sobre o filme e acabei tendo certeza de que deveria assistir imediatamente.
O filme chama-se Oslo, 31 de Agosto. É dirigido por Joachim Trier, responsável pela direção do também famoso filme Reprise.
O que mais me chamou a atenção é que conta-se a história de um ex-dependente químico, que era rodeado por pessoas e era uma das figuras centrais da noite de Oslo, mas que acaba por cair em profundo tédio e desespero existencial quando faz um tratamento de reabilitação e vê a vida como ela é.
Algumas cenas são antológicas, como, por exemplo, quando ele vai visitar seu velho amigo e vê que esse amigo não tem nada para lhe oferecer - a não ser repulsa de uma vida medíocre de uma classe-média aburguesada da Noruega. Outra maravilhosa cena é quando ele está em um café e começa a prestar atenção nas conversas das pessoas ao seu redor - obvio que eram conversas absolutamente inúteis e fúteis.
Além disto, é válido ressaltar o abandono da sua ex-namorada (que ele tenta travar contato várias vezes) e de sua família (que nem ao menos aparece no filme), que representavam, mesmo em uma vida conturbada e cheia de problemas, a única coisa que sustenta o homem: o amor.
Com uma visão tão negativa da realidade - sim, Anders tem uma inteligência e uma análise do real muito agudas - o filme acaba-se voltando para o seu início, onde Anders caminha, segurando uma grande pedra, para o fundo de um rio, em um ato de suicídio.
Tudo isso me soou muito familiar. Até a fotografia do filme. Lembrei, na hora, de Lars Von Trier, e acabei descobrindo que as ligações entre os dois diretores não estão apenas nos sobrenomes. Também soube que Joachim Trier baseou seu roteiro, adaptado à Noruega atual, em um livro maravilhoso de Drieu La Rochelle, o famosíssimo Fogo Fátuo.
Pronto. Estava  explicado o porquê de meu entusiasmo com uma história tão triste, uma história que demonstra, de maneira maravilhosa,  como o país com um dos maiores IDH's do mundo consegue matar seus habitantes, literalmente, de tédio.
Muito cru, muito seco, muito real, muito triste. Saber que na Noruega dos dias de hoje a única solução para rebelar-se contra a degradação moderna é cometer suicídio (ou coisa do tipo) deixa-me assustadíssimo.
Esse filme me lembrou variadas leituras, Spengler, Evola, Nietzsche, Cioran, Orwell, todas as escatologias, também me lembrou Taxi Driver, enfim... superior, e muito, ao Lars e digno de um tempo para assistir.
Vejam antes que o Youtube exclua uma tão triste realidade de sua playlist.



O tal cartaz...

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